domingo, 29 de junho de 2008

Hora da vaidade

Tem gente que chega no Pelô para complementar o visual. Mulheres viram rapunzéis em meio a miçangas e fios de nylon coloridos, homens arrumam seus redemoinhos de nascença após uma passadela na barbearia do meio do caminho, e os pavões misteriosos dos azulejos do Convento de São Francisco assistem a tudo deslumbrados.

sábado, 28 de junho de 2008

Oca urbana

São muitas relíquias, peças especiais, estão todas guardadas no subsolo da Antiga Faculdade de Medicina. Arcos, flechas e cestas trançadas por nossos antepassados caboclos. Cada canto do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFBA é um mistério.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Anamnese

O que há com o Pelô? Pode estar doentinho, talvez sinta falta de amor.

Pelo sim ou pelo não, tem sido medicado. Em doses homeopáticas.

terça-feira, 24 de junho de 2008

For all

Extra, extra! Lampião subiu a Serra do Pelourinho, tomou licor com acarajé e aplaudiu rap com arrasta-pé. E o marcador de quadrilhas, muito bem organizadas, vibrou com mais um solstício de inverno!

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Ponta de orgulho

Num Pelourinho " de cinema" moram personagens singulares. Eles abrem e fecham as portas de suas casas para gente de toda estirpe. Alimentam paixões intensas e mandam para o beleléu quem não for um casa cheia.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Bazar de miudezas

Os produtos vivem expostos na entrada principal da Igreja da Misericórdia. São formigas, de mentirinha, mini-esculturas de arame. Uma é três e três são cinco reais.

Formigas trabalham, colecionam destinos, correm atrás de doces ou de qualquer aventura. E viram presentes originais, como todas pequenas coisas.

terça-feira, 17 de junho de 2008

A Padre Antônio Vieira

Do alto daquela morada reservei um pedacinho de céu, na quadrada do sol, debaixo de nuvens de pátina. Entre tons pastéis, me esqueci do mundo bruto, dos machucados das quedas. Na imensidão das memórias escutei um "Hoje vou te salvar!".

Pura soteriologia.

domingo, 15 de junho de 2008

Ciência do povo

O que seria do Pelourinho sem a colaboração fundamental de tantos analfabetos? Construíram obras de arte num cenário de escravização.

Pelourinho colonial, tão longe, tão perto.

sábado, 14 de junho de 2008

Isto é lá

Na porta de entrada da Vila Nova Esperança a freguesa bateu duas palmas. Fez sinal, queria prato feito cheiroso, saído de uma daquelas cozinhas repletas de panelas areadas, desconhecida dos guias de gourmets.

Enquanto esperava o rango, pegou um tamborete e sentou-se virada pra rua. Botou olhado num caqueiro apinhado de plantas diferentes e meio agoniada cumprimentou um estrangeiro com olhar de "sorria, você está na Bahia".

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Estampa

Hoje tenho excelentes dicas de passeio. Larguei um pouco a caneta e o teclado do computador, pois hoje quero pintar. Siga a trilha abaixo, caso queira me acompanhar:


Atelier Liberato
Rua João de Deus, nº25 - 1º andar
Tel.: (71) 3494-9776

Atelier Maria Adair
Rua João Castro Rabelo, nº02
Tel.: (71) 3321-3363

Mundo Arte (Galeria dos Grandes Artistas)
Rua Gregório de Mattos, nº39, subsolo
Tel.: (71) 3322-0644

Casa do Benin
Rua Padre Agostinho Gomes, 17
Tel.: (71) 3241-5679

Instituto Mauá
Rua Gregório de Mattos, n. 45
Tel.: (71) 3324-5910

Galeria Solar do Ferrão
Rua Gregório de Mattos, 45
Tel.: (71) 3321-6155 Ramal 255

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Salve!

C* e R* nasceram nos braços do Pelourinho e vivem lá até hoje. São do tempo em que o casarão nº19 era repleto de gingas e aús. Ali, Mestre Pastinha, capoeirista angoleiro, realizava sonhos, criava poemas, animava corpos e mentes de crianças e jovens.

Esse artista da capoeira, com muito sacrifício, veio ao mundo para mostrar serviço. Ganhou respeito, depois esquecimento e levou golpe maior quando perdeu a sua escola, localizada no coração do Pelô.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Chacundum

Ritualmente os sons dos sinos católicos misturam-se aos atabaques, agogôs, adjás e berimbaus. Suas missões consistem em levar e trazer mensagens de felicidade, força e resistência através dos tempos.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Pisca-alerta

Lá vai a camponesa alentejana espiar seu negro nagô através da gelosia. Trocam palavras em crioulo baianês, e não temem leis nem reis. Ordem, progresso e amor.

sábado, 7 de junho de 2008

Ponto de costura

Bico de bilro, saia de filé, pipocas de crochet, e cinco moças a ensinar laços. Assim os dias correm numa oficina de cidadania, livres.

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Segura o tombo e vai

Pula a fogueira, iáiá, pula a fogueira, iôiô, e cuidado para não escorregar no Largo do Cruzeiro antes de ouvir o toque da sanfona te chamar.

Antônio, Pedro e João estão de chegança em tudo quanto é altar. E olha que no Pelô tem quermesse, balão, reza, doce de jenipapo e aluá.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Cadê

Escondido num porão, na rua do Dezoitão, "Seu" Coisinho encarava uma mesa de dominó. Eta!

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Questão de prática

Todo o Centro Histórico de Salvador é sinônimo de Pelourinho. Mil cartões postais mostram sobrados coloridos, dependentes entre si, com suas eiras e beiras charmosas. Ladeiras gratuitas desafiam novos visitantes e esquentam as coxas de batizados.

Em caso de entrega ao cansaço, o segredo é bater numa porta de venda, pedir um guaraná ( de limão, de laranja ou de guaraná mesmo) e esperar pra ver artistas de rua passar.
Quem sabe um Palco Giratório?

terça-feira, 3 de junho de 2008

Claire de lune

Mainha tá viajando e painho tá pescando.
E eu tô perto da Lua, aquela na esquina da Alfredo Brito, onde tantos artistas emergentes esperaram a chegada de sua hora e vez, onde até hoje um homem de paletó branco (todo engomado) conta e desconta valores, apaixonadamente. Ele, no seu Piso Lunar, guarda memórias, oferece sabores e esquenta lutas.