domingo, 14 de novembro de 2010

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Sabe chegar no Maciel, senhor, senhora, senhorita? Hein? Não sabe e nem quer sabe? Eita calundu...
Mas vamos lá, pergunte a vozinha, a vô, ao seu painho ou a sua mainha, se bons soteropolitanos forem...
Agora eu vou ali tirar uns retratinhos...do Maciel...

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Sabores do Pelô, quem vai? Gosto do rango do Bar do Galícia, do Habeas Copus, Alaíde do Feijão e tantos outros cantinhos ali pela Rua das Laranjeiras. Há opções para todos os gostos e bolsos.
Falou em acarajé, então aí já tenho a minha baiana preferida, Conceição, Ceiça para os mais chegados. Ela me viu crescer, me botou pra comer os primeiros acarajés da vida. Hum, e não é que ela ainda faz aquela cocadinha-puxa?

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

O fluxo de crianças e adolescentes em situação de risco no Pelourinho é grande. Ficam pelas ruas jogadas, fedorentas, drogadas e servindo de modelo para turistas que chegam com aquela máquina fotográfica toda toda e click no lado b. Nem sabem que isso é proibido por lei, é algo ilegal, é necessária a autorização de um responsável ou de pais. Ops, mas que nada, na Bahia tudo pode!

E o MPU já está ciente, desde 2006 há o "Sistema de Proteção Especial a Criança e ao Adolescente em situação de rua no Centro Histórico". Conheço comerciantes que já tentaram criar alguns meninos, mas nunca conseguiram criar laços familiares sólidos com eles.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

E esse Pelourinho todo, menino? Hoje é dia de benção, mas Deus tem visto como ela funciona atualmente. Eta, que tempo é esse, minha gente? Parece que goró nasceu antes de reza, eu quero é a benção tradicional de volta.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

IPAC publicou hoje, dia 27, no Diário Oficial do Estado, chamada pública para ocupação de casas no Pelourinho http://bit.ly/c60QiB

domingo, 26 de setembro de 2010

Quem tem fé vai a pé! Um especialista em arte e patrimônio cultural tem o dever de ser flexível, tem o dever de ser curioso, tem o dever de cutucar a memória de muita gente, tem o dever de ser preciso e atencioso, tem o dever de se engajar em espaços pacíficos e também naqueles mais conflituosos. Interpretar um patrimônio imaterial não é uma atividade solitária, precisamos escutar as narrativas de diversos grupos que elegem manifestações culturais como fundamentais em suas vidas, sejam por motivos familiares, por motivos religiosos ou motivos financeiros. Viva!

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

FOGO E RITMO
Agostinho Neto

Sons de grilhetas nas estradas,
cantos de pássaros
sob a verdura úmida das florestas,
frescura na sinfonia adocicada
dos coqueirais,
fogo,
fogo no capim,
fogo sobre o quente das chapas do Cayatte.
Caminhos largos
cheios de gente, cheios de gente
em êxodo de toda a parte
caminhos largos para os horizontes fechados,
mas caminhos,
caminhos abertos por cima
da impossibilidade dos braços.
Fogueiras.

Dança,
Tam tam,
Ritmo,
Ritmo na luz,
Ritmo na cor,
Ritmo no movimento,
Ritmo nas gretas sangrentas dos pés descalços,
Ritmo nas unhas descarnadas,
Mas ritmo,
Ritmo.

Ó vozes dolorosas de África!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Seminário comemora os 325 anos da Irmandade dos Homens Pretos

Memória - Evento que acontece na Biblioteca Pública do Estado enfatiza cidadania nas comunidades afrodescendentes

Meirelles: restauração do templo

A Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo – Irmandade dos Homens Pretos festeja os 325 anos de fundação com o seminário Ouvi o Clamor deste Povo Negro, a ser realizado na Biblioteca Pública do Estado, no bairro dos Barris.

O evento conta com o apoio da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult) e é uma ação socioeducativa que tem o objetivo de comemorar a data e contribuir com a cidadania e o desenvolvimento cultural e social das comunidades afrodescendentes. O seminário acontece amanhã(16) e sexta-feira(17), das 18 às 21hs, e no sábado(18), das 8h30 às 12hs.

"Estamos honrados em apoiar a realização do evento em comemoração aos 325 anos da Irmandade dos Homens Pretos, assim como temos a satisfação de executar, via Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), a obra de restauração da igreja dentro do Prodetur, um programa do Ministério do Turismo fundamental para o nosso Centro Histórico", disse o secretário estadual de Cultura, Márcio Meirelles.

Segundo o prior da irmandade, Júlio César Soares da Silva, o momento de celebração é ideal para a compreensão da história da congregação. "O foco principal deste evento é contribuir para uma maior e melhor compreensão da nossa memória e realidade em que vivemos na Ordem Terceira do Rosário de Nossa Senhora às Portas do Carmo e em seu entorno."

Dentre os aspectos mais enfatizados no seminário, destaca-se a preocupação com o nível de informação e de formação dos seus membros para a valorização da cultura negra.

Programação do evento

Ubiratan Castro faz palestra

No primeiro dia de seminário, o público assistirá a palestras que contam a história da Irmandade do Rosário dos Pretos. Quem dá início à programação é o presidente da Fundação Pedro Calmon, Ubiratan Castro de Araújo, que discutirá O Rosário dos Pretos e a Diáspora Negra.

Em seguida, o professor Jaime Sodré debate A Irmandade dos Homens Pretos, e a professora Lucilene Reginaldo finaliza a programação do dia com A História da Irmandade do Rosário dos Pretos do Pelourinho.

Na sexta-feira, o público conhecerá o papel jurídico-social e a importância do patrimônio material e imaterial, com palestra ministrada por Balbino Simões, sobre A Importância do Aspecto Jurídico na Irmandade do Rosário dos Pretos, seguida pela professora Célia Sacramento, com o tema O Papel Social na Irmandade do Rosário dos Pretos, e pela professora Eny Cleide Vasconcelos, que discutirá A Interpretação do Patrimônio Material e Imaterial na Igreja do Rosário dos Pretos.

O superintendente do Sebrae/Bahia, Edival Passos, finaliza a apresentação, com o tema Empreendedorismo – Uma Proposta de Autonomia.

No sábado, aprogramação tem início com a palestra do padre Clóvis do Carmo Cabral, que tem como tema Bíblia, Negritude e Irmandades Negras Católicas, e finalização do professor Vilson Caetano de Souza, que discutirá As Irmandades Negras Católicas.

A inscrição para o seminário é gratuita e para participar basta enviar um e-mail para rosariosalvador2010@gmail.com, informando os dados solicitados: nome completo, endereço completo com CEP, telefone para contato (celular e fixo), e-mail, instituição/empresa/escola e /ou faculdade, profissão e/ou ocupação e data de aniversário.

Patrimônio passa por restauração

A igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Salvador foi fundada no ano de 1796

Tombada, em separado, como obra de arte pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e também por pertencer ao conjunto histórico, artístico, urbanístico e paisagístico do Pelourinho, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos encontra-se em fase de restauro pela Secretaria estadual de Cultura, por meio do Ipac.

Os recursos são do Ministério do Turismo, através do Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur), com entrega prevista para novembro deste ano.

No período histórico, a primeira reforma realizada na igreja acontece em 1815, com duração até 1826, porém, já com a proteção do tombamento, a primeira reforma respeitando os limites e o conceito de restauro é feita na segunda reforma, iniciada em 1943 e orientada pelo Iphan.

História

A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário chegou ao Brasil no Século XVI, mas somente no fim do período colonial é que as irmandades do Rosário passam a ser constituídas pelos ‘homens pretos’.
A primeira igreja fundada como Irmandade dos Homens Pretos é a localizada no município do Rio de Janeiro, em 1640, seguida por Minas Gerais, em 1708, e São Paulo, em 1711.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de Salvador foi fundada em 1796. Dentre as influências históricas que a irmandade exerceu, está a compra da liberdade de muitos escravizados negros da Bahia.



Publicado pelo Diário Oficial da Bahia - em 15 de setembro, 2010


O Pelourinho ainda possui uma população significativa de prostitutas. Na década de 50 existiam muitos bregas que organizavam festas memoráveis. Tive um tio que gostava demais de participar das noitadas. O quarteirão da 28 fervia e nada lembra a atual rua. Homens ricos e homens proletários discutiam política e se divertiam ao som de canções da época. Arruaceiros não entravam nos locais e nem sempre as funcionárias do amor eram o principal alvo das visitas rotineiras dos rapazes.

domingo, 12 de setembro de 2010

Quem chega no Pelô pela primeira vez procura as cores fortes dos sobrados, assim como aparecem em cartões postais. Faço uma analogia do Pelô com o mar, entre marés altas e marés baixas ele encanta soteropolitanos e turistas.
O Pelô é bom demais, na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença. E eu vou lá!

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Cuidar, cuidar, cuidar...Os idosos estão por todas as áreas do Pelourinho e precisam de muitos cuidados. Consegui um material de utilidade pública e tomara que muita gente passe por aqui e baixe o arquivo em pdf!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Pelô, Pelô, Pelô, suas ruas, sua gente, que saudade! A chuva em Salvador traz consigo um medo para aqueles que habitam os antigos sobrados da nossa área, porém acredito no PAC, ainda que chegue tarde, muito tarde!
As características arquitetônicas nos interiores de muitas casas localizadas nas ruas principais do Pelournho se perdem, porém me surpreendo com uns cantinhos bem acolhedores que encontro pelas andanças. O mofo também aparece e há quem diga que ele também é cultura(... de microorganismos, né?).
Hoje vou a uma exposição de fotografia no Terreiro de Jesus e recomendo aos adoradores de Salvador!

sexta-feira, 9 de julho de 2010


Foto: Leila Rocha

Fachada em pedra lavrada da Igreja da Ordem Terceira de São Francisco.

Onde: Rua Inácio Accioly s/n–Centro (ao lado da Igreja de São Francisco, a "igreja de ouro").

terça-feira, 29 de junho de 2010

PROGRAMAÇÃO DO 2 DE JULHO

É muito bonito ver o cortejo subir o Largo do Pelourinho! Não perca!


DIA 30/06/10 (quarta-feira)

Saída do Fogo Simbólico às 7h30, da Cidade de Cachoeira, passando pelas cidades de Saubara, Santo Amaro da Purificação, São Francisco do Conde, Candeias, Simões Filho, com destino ao bairro de Pirajá em Salvador, conduzido pelos soldados do Exército e atletas baianos.

DIA 01/07 (quinta-feira)
10h. – “TE DEUM” na Catedral Basílica, celebrado pelo Cardeal Dom Geraldo Majella Agnelo.
15h. – Chegada do Fogo Simbólico – Largo de Pirajá;
-Acendimento da Pira;
-Hasteamento das bandeiras por autoridades, com a execução do Hino Nacional pela Banda de Música da Polícia Militar da Bahia;
- Brasil – Prefeito de Salvador, João Henrique;
-Bahia – Prefeito de Simões Filho, Eduardo Alencar;
-Salvador – Secretário Municipal da Educação, Cultura, Esporte e Lazer,Carlos Ribeiro Soares e Presidente em exercício da Fundação Gregório de Mattos;
-Colocação de flores no túmulo do General Labatut pelo prefeito João Henrique;
17h. – Encerramento da Solenidade.

DIA 02/07 (sexta-feira)

PROGRAMAÇÃO TURNO MATUTINO
6h. – Alvorada com queima de fogos no Largo da Lapinha;8h – Organização do Cortejo Cívico;
9h – Hasteamento das bandeiras por autoridades, com a execução do Hino Nacional pela Banda de Música da Marinha de Guerra do Brasil.
-Brasil -Governador da Bahia, Jaques Wagner;
-Bahia – Presidente da Assembléia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo;
- Salvador – Prefeito de Salvador, João Henrique;
-IGHBA – Presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, professora Consuelo Pondé de Sena;
- Colocação de flores pelas autoridades, no monumento ao General Labatut;
- Entrega dos Carros Emblemáticos – Discurso da presidente do IGHBA, Consuelo Pondé de Sena;
- Recebimento dos carros emblemáticos – Discurso do prefeito João Henrique;
- Execução do Hino ao 2 de Julho – Banda de Música da Marinha de Guerra do Brasil.
9h30 – Início do Cortejo Cívico.
- Homenagem aos Heróis da Independência: breve parada em frente ao Convento da Soledade;Homenagem da Ordem Terceira do Carmo: breve parada em frente à Ordem, para pronunciamento de um membro da instituição;
- Homenagem da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos: breve parada em frente à Igreja;
11h30 – Recolhimento dos carros emblemáticos dos caboclos nos caramanchões da Praça Thomé de Souza;
DIA 02/07 (sexta-feira)
PROGRAMAÇÃO TURNO VESPERTINO
14h. – Organização do Cortejo Cívico.
15h. – Homenagem da Câmara Municipal aos Heróis da Independência.
- Pronunciamento do presidente da Câmara Municipal de Salvador, Vereador Alan Sanches.
15h30 – Início do Cortejo Cívico.
- Parada de 10min. no Forte de São Pedro, em frente ao Palácio da Aclamação, para homenagem do Exército Brasileiro aos Heróis da Independência;
16h30 -Previsão de chegada dos carros emblemáticos e das autoridades ao Campo Grande;
Solenidades previstas:
- Hasteamento das bandeiras por autoridades;
- Execução do Hino Nacional pelas bandas de música da Marinha, Exército, Aeronáutica e Polícia Militar;
- Brasil- Governador da Bahia, Jaques Wagner;
- Bahia- Presidente da Assembléia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo;
- Salvador – Prefeito da Cidade de Salvador, João Henrique;
- Colocação de coroas de flores no Monumento ao 2 de Julho, pelas autoridades presentes;
- Execução do Hino ao 2 de Julho pela Banda de Música da Polícia Militar da Bahia;
- Acendimento da Pira do Fogo Simbólico, autorizada pelo governador do Estado da Bahia;
- Execução do Hino Nacional pelas bandas de Música da Marinha, Exército, Aeronáutica e Polícia Militar.
19h – Campo Grande – XIX Encontro de Filarmônicas – regente maestro Fred Dantas

Fonte: www.bahiaemfoco.com

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Retorno a atualizar este blog por um motivo especial: estou no final de um curso de especialização em Arte e Patrimônio Cultural. Um curso fantástico, com mais de 400 horas de duração e de constante aprendizado. Bom, tenho que vender o meu peixe também, né? Desde o ano passado faço levantamentos de dados sobre festas religiosas existentes em várias partes do Brasil e tenho recebido apoio de padres, de yalorixás, pastores, entre outros, para contribuir, através da pesquisa científica, com as suas lutas constantes em favor do ecumenismo. Diante de inúmeras leis civis que estabelecem a liberdade de culto de diversas religiões também há a propagação da intolerância religiosa. Conhecer a respeito de cultos, rituais, celebrações é tarefa para o profissional da área de Ciências Humanas, sobretudo para o especialista em patrimônio cultural.

Cada ser humano é um mundo, e em cada nova pesquisa de campo que faço, tenho o compromisso de levar e trazer informações a respeito do passado e do presente de muitas pessoas. Registros escritos, registros orais e difusão das informações coletadas fazem parte da minha rotina.

Tentarei fazer algumas postagens semanais no blog, com direito à fotos e muita informalidade. E quem quiser colaborar com textos, pode entrar em contato comigo!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

13 de maio

Cidadão
Composição: Moraes Moreira/Capinan

Na mão do poeta
O sol se levanta
E a lua se deita
Na côncava praça
Aponta o poente
O apronte, o levante
Crescente da massa
Aos pés do poeta
A raça descansa
De olho na festa
E o céu abençoa
Essa fé tão profana
Oh! Minha gente baiana
Goza mesmo que doa
Abolição
No coração do poeta
Cabe a multidão
Quem sabe essa praça repleta
Navio negreiro já era

Agora quem manda é a galera
Nessa cidade nação
Cidadão
Abolição
No carnaval do poeta
Cabe a multidão
Quem sabe essa praça repleta
Navio negreiro já era
Agora quem manda é a galera
Nessa cidade nação
Cidadão

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Desapropriações e etc

Longe dos olhos

Sétima etapa de revitalização é marcada pela polêmica retirada dos moradores do Pelourinho

Data: 01/04/2004

As ruas carregadas de história do Pelourinho voltam a ser palco da polêmica batalha entre os interesses do Estado, que vê na desapropriação das casas a única forma de conservar esse patrimônio tombado pela Unesco, e os da população residente na área, que, tendo ali seu local de trabalho e seu círculo de amigos, grita pela permanência no tão visitado Centro Histórico de Salvador. A polêmica não é nova, nasceu ainda em 1993, quando o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac) deu início à primeira etapa do projeto de revitalização. Realimentada a cada fase realizada, a discussão foi herdada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano (Conder), que em 2002 deu os primeiros passos para a concretização da sétima etapa da reforma.

A novidade nesse caso é que o projeto apresentado ao governo federal para conseguir o aporte de recursos do programa Monumenta-BID prevê a manutenção dos moradores no local, o que pode ser confirmado no trecho transcrito do documento: "...neste processo não deve ser deixado de lado o elemento humano que ali vive e trabalha, exercendo as mais diversas atividades, como artistas, artesãos, grupos afro e capoeiristas que caracterizam a área". A postura estabelecida no projeto, no entanto, foi deixada de lado na hora de colocá-lo em prática, o que tem causado preocupação ao Crea. "A preservação do patrimônio é fundamental, mas não pode se sobrepor à preservação da vida", defende o presidente do Conselho, Marco Amigo, afirmando que a solução para garantir a manutenção dos benefícios obtidos com a reforma deve ser discutida com a população.

"O ocupante poderia assinar um contrato se comprometendo a usar o imóvel de acordo com as regras de preservação", aponta Amigo, complementando que, para isso, seria necessário um investimento maior por parte do governo estadual. A saída acelerada dos moradores tradicionais do Centro Histórico para o início das obras da sétima etapa da revitalização também chamou a atenção do Ministério Público, que instaurou um inquérito para apurar a condução do processo. "Detectamos que, na verdade, estavam pressionando as pessoas para receberem indenização ou serem relocadas para Coutos", explica o promotor de Justiça e Cidadania Lidivaldo Brito.

Desapropriação e despejo

Afirmando que 70% dos imóveis envolvidos na questão têm ação de despejo em andamento, a Conder garante que os proprietários interessados em reformar seus casarões e manter a posse terão a opção de fazê-lo mediante uma linha de financiamento incluída no próprio Monumenta. A posição mais flexível, contudo, só foi adotada após o MP iniciar as investigações e localizar dois proprietários legalmente comprovados que também tiveram seus imóveis listados no processo de desapropriação. A princípio, nenhuma proposta alternativa foi colocada para Maria Ivonete Silva Mota ou Elza Maria Farias de Morais, enquadradas entre os moradores locais que podem financiar em 15 anos os custos de reforma dos seus imóveis.

"A maioria dos proprietários aceita receber a desapropriação, o valor da indenização é estabelecido de acordo com os parâmetros do estado, mas quem discorda pode discutir em juízo", defende o assessor jurídico do órgão, Eduardo Carrera. O estado de degradação da própria construção e o contexto da localidade - "zona de prostituição, tráfico e jogo do bicho", diz Carrera - resultam em indenizações de baixo valor para imóveis igualmente desvalorizados. Segundo consta no relatório socioeconômico realizado pela Conder, as propriedades foram avaliadas entre R$1 mil a R$400 mil, com valor médio de R$40 mil.

Embora reconheça que, do ponto de vista legal, o governo não tenha qualquer obrigação com os muitos invasores que ocupam as casas do Centro Histórico, Brito ressalta que é preciso pensar também no lado humano. "Tem dois tipos de ocupantes, os que se dedicam ao tráfico e à prostituição, mas também tem outros, que moram lá há 20, 30 anos, e inclusive fizeram pequenas reformas nos seus imóveis, impedindo que eles se transformassem em ruínas". Concluído em junho de 2002, o inquérito forneceu subsídios para o ajuizamento da Ação Civil Pública 38.148-7/2002, que pleiteia uma liminar, ainda não concedida, contra o governo estadual e a Conder.

Patrimônio cultural

"Abrange tudo aquilo que permita compreender o homem e a sua cultura...". Citada no inquérito civil, a definição da arquiteta Elena Graeff para patrimônio cultural é a base de sustentação para a ação do MP em benefício da manutenção dos moradores no Centro Histórico. "Eles querem ver o suingue, o suor, a raiz do povo que está aqui, não querem ver aquela coisinha padronizada, a cultura é tudo aquilo que podemos ser", defende a presidente da Associação de Moradores e Amigos do Centro Histórico (Amach), Sandra Regina, afirmando que o governo se equivoca quanto aos pontos de interesse dos turistas que freqüentam o lugar.

"O Pelourinho nunca será propriamente uma atração turística, quem freqüenta são as pessoas de classe baixa. Os que chegam de fora olham e vão embora. As compras são feitas mesmo é no Mercado Modelo", contrapõe Carrera, contrariando a profusão de idiomas e sotaques ouvidos dia e noite nas ruas locais. Para o assessor da Conder, o maior problema é que cerca de 80% da população exerce atividades ilegais e ameaça a segurança das pessoas. "É conhecida como cracolândia e nenhum cidadão em sã consciência passa lá depois das 16h", fala sobre a 28 de Setembro, rua que abriga a sede da Amach.

O percentual indicado durante a entrevista é contestado pelo relatório socioeconômico elaborado pela própria Conder. Embora prevaleça o emprego informal e 36,2% dos moradores tenham um rendimento mensal inferior a um salário mínimo, a população local é formada basicamente de estudantes, biscateiros, empregadas domésticas, comerciários e ambulantes. Claro que alguns dados da pesquisa se confrontam com a realidade, como o fato de apenas 0,5% das 1.936 pessoas entrevistadas terem declarado viver da prostituição, quando a Associação das Prostitutas do Estado contabiliza 120 associadas na área da sétima etapa.

De acordo com o perfil econômico observado pela Conder, apenas 28 famílias teriam condições financeiras para integrar o programa habitacional previsto para esta etapa, o que significa renda entre dois e seis salários mínimos. A destinação dessas 360 unidades residenciais que serão construídas nos 130 imóveis que aguardam restauração mostra a faceta mais delicada dessa fase da revitalização. Para o promotor do MP, o fato de desapropriar para destinar a uma outra classe constitui uma limpeza social, o que é inaceitável. Por outro lado, o arquiteto Paulo Canuto, coordenador do Monumenta na Bahia, defende que, no caso do Pelourinho, a mudança das redes sociais é um efeito colateral inevitável, mas reconhece o sucesso de projetos como o realizado em Barcelona, nos quais a população original foi mantida. "Falta ao povo brasileiro a cultura de preservação da sua história e do seu patrimônio", argumenta.
Um exemplo geograficamente mais próximo é trazido por Brito, que cita a ação do Monumenta em Olinda. "O projeto baiano é o único do Brasil que exclui os moradores", afirma. Olhando de fora, o arquiteto Armando Branco acredita que a população saída do Centro Histórico - mediante pagamento de um auxílio-relocação de no máximo R$2,3 mil - acabará por voltar de uma outra forma, causando um novo problema. "A degradação social e imobiliária que já se espalha pelas ladeiras da Independência, da Palma e do Gravatá é um processo resultante das expulsões do Pelourinho".

Relocação

Os condomínios Moradas da Lagoa II e Jardim Valéria II já abrigam 20 famílias que aceitaram a relocação proposta pela Conder. Localizados nos bairros de Coutos e Valéria, os conjuntos habitacionais, que somam 750 casas, ainda não dispõem da infra-estrutura necessária para atender a população local. Falta delegacia, escola, posto de saúde e sobram reclamações. Além da dificuldade de transporte, o que mais incomoda os moradores é a falta de oportunidades de trabalho.

Um exemplo emblemático é o dos catadores de latinhas, que garantiam a sobrevivência ajudando a limpar as históricas ladeiras do Pelourinho e já não têm mais latas para catar. "Todas essas carências estão sendo anotadas e encaminhadas para atender não só os relocados, mas também os antigos moradores", afirma Canuto. Questionada quanto à previsibilidade dessas necessidades básicas, a Conder, através do seu assessor jurídico, apenas contrapõe que é preciso levar em conta a morosidade do estado.

Revitalização

Em 11 anos de projeto, 500 imóveis foram recuperados e R$70 milhões investidos. Apenas nas duas primeiras etapas, mais de 600 moradores foram retirados do local. Removidos para casas alugadas pelo Ipac durante a sexta etapa (1997), com a promessa de retorno breve, muitos moradores ainda não puderam voltar ao local.

Dos 115 imóveis incluídos na sexta etapa, 53 estão incompletos ou parados. Entre os que continuam sem reforma está o Forte de Santo Antônio Além do Carmo, construção do século XVII que funcionou como prisão.

Revitalização

Seminário de São Damaso
Igreja d´Ajuda
Capela da Ordem Terceira de São Francisco
Casa do Tesouro I e II
Casa dos Ste Candeeiros
Ruas: São Francisco, 7 de Novembro, Guedes de Brito, J. Seabra, Ruy Barbosa, do Tesouro, José Gonçalves, Saldanha da Gama, Monte Alverne e Ladeira da Praça.


Fonte:href="http://www.creaba.org.br/Artigo/203/Longe-dos-olhos.aspx">

terça-feira, 11 de maio de 2010

- Menina, calce logo essa sandália. Eu já tô injuriada de te ver com os pé nesse chão quente.
E a capetinha saiu correndo em direção ao mercadinho, pois desde cedo tentava comprar seus queimados de sempre.
- Meu tio, me dê um real de pilurito, daquele que vira chiclete, viu? Rápido, mainha tá vindo ali me pegar, ela num deixa eu ficar aqui na rua, não. Mas eu quero brincar, né não, é?
O homem adiantou o lado e aconselhou:
- Minha filha, brinque direitinho e não dê conversa a ninguém. Corre lá que eu fico te olhando.
A menina riu e saiu em disparada pros lados do Cruzeiro, ainda era tempo de pegar uma picula.

domingo, 9 de maio de 2010


Mais de cem famílias vivem no Pelourinho. E se não fossem certas mulheres parideiras, mulheres de fases, mulheres protetoras, mulheres agoniadas, mulheres recatadas, mulheres de "brega", tudo seria diferente. Mães de sangue ou mães adotivas, mães da terra ou dos jardins celestiais, hoje o dia é de vocês. Viva!!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Alguém me avisou que já houve até touradas, em tempos coloniais, na área relativa ao Terreiro de Jesus. Olé! Fasta boi! Os folguedos geralmente aconteciam em tempos de festas religiosas. Bebidas e farras mais indecentes eram proibidas, porém só Deus sabe como algumas personalidades se comportavam!!
Hoje a Praça do Terreiro de Jesus é calçada de pedras portuguesas, e o grande paisagista brasileiro Burle Marx fez intervenções no local. Hum, quem nunca reparou nas palmeiras imperiais bem altas e no chafariz de procedência francesa? Os "taxieiros", os "capuera", as baianas de acarajé, os mendigos, os viajantes, senhores, senhoras e senhorias, todo o mundo bota os pés neste local, verdadeiro point da comunidade.

sexta-feira, 30 de abril de 2010



Quincas Berro d'Água também virou nome de praça no Pelourinho, assim como Tereza Batista e Pedro Arcanjo. Nunca fui leitora assídua de Jorge Amado, gosto mais da sua antiga casa no Rio Vermelho.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Música de berço

Hoje eu me lembrei de uma cantiga de infância:"Alecrim, alecrim dourado que nasceu no campo sem ser semeado". As lembranças vieram a tona enquanto eu passava ali pela porta de Dona Professora Emilia Biancardi. Foi ela que me apresentou o berimbau de bacia, o caxixi gigante, com mais de 1,70m de altura. Foi ela que me disse que o maior acervo de livros sobre a vida do samba está nos Estados Unidos!! Samba lelê!! Isso me deixou com a cabeça tão quebrada! O pessoal entrega tudo de bandeja ao primeiro produtor musical estrangeiro que aparece, sem pensar duas vezes! A situação está um pouco melhor em relação a valorização do patrimônio imaterial, mas muitos mestres populares morrem sem ter os seus trabalhos reconhecidos. E o nosso biscoito fino é exportado, chega primeiro nos ouvidos do pessoal das outras bandas! Por quê? Porque 90% dos baianos acha que comprar cd's de grupos de samba de roda, afoxés e blocos afro ainda é coisa pra turista. E perdem a chance de conhecer trabalhos singulares!

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Faça você mesmo

A poluição visual tem afetado bastante o ambiente do Pelô. Banners são colocados nas fachadas de casas e restaurantes. Cada um com um misturê de cores e fontes, um Deus nos acuda! Tenho a impressão que existem leis que estabelecem os modelos de letreiros possíveis de serem colocados em locais considerados "patrimônio mundial pela UNESCO" ou "patrimônio cultural brasileiro". Epa, mas não é que sua tia tem um restaurante na área e é mística, então só pode decorar a fachada com adereços vermelhos e purpurinas azuis(tá mais pra torcedora do Baêa, hein, minha tia?). O que fazer? Bem, se ela te chamar para dar algum palpite, então diga logo que o trem não combina com o lugar. Ensine a titia os caminhos que levam a algum artesão, sem muita cerimônia, ok? É claro que gosto é relativo, mas repare na vizinhança, nas arrumações das casas mais antigas. Respeitar o ambiente arquitetônico de uma cidade é uma obrigação do cidadão!!
E se mesmo assim sua tia não gostar das opções, pronto! Chegou a hora de levá-la ao Museu Tempostal. Ou no Museu da Misericórdia. Ou no Museu Abelardo Rodrigues. Os museus existem para a humanidade e nunca é tarde para entregar-se a eles.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Baianidade, o que é isso? Uns dizem que o modo de ser do baiano é atolado de permissividade, sensualidade e também de "falta de cultura".
Cultura, no meu ver, é tudo o que uma pessoa ou grupo produz na vida, e vai além do conceito erudito dado para a palavra, também sugerida como sinônimo de educação doméstica. Por exemplo, sentar-se num botequinho onde há aquele atendente sorridente, com toalhinha felpuda no ombro, pra ajeitar o suor, e com uma "boca suja" pra danar, pode ser natural aqui ou em outras bandas. Ah, mas só porque é Bahia, aí dizem que isso é falta de educação. Ah, experimente falar pra algum desconhecido que ele fez alguma "maleducação". Aqui vira caso de polícia.
Prezo por baianos que têm força de presença. O meu Pelourinho é bonito, pois lá conheço muita gente espirituosa, artesãos e artistas.
Escuto e escrevo. Memória registrada no papel é história, e diante da habitual forma de ser do baiano, que adora lembrar de tudo "de cabeça", me delicio ao escrever o que escuto.

domingo, 7 de março de 2010

Chove no Pelô

Aparentemente tudo está tranquilo. Mas a chuva cai. E aquela casa cheia de infiltração no telhado, o que fazer? E as paredes cheias de umidade? E a fachada cheia de armengues? E a possibilidade de desabamento de certas casinhas escondidas ali por trás da Faculdade de Medicina? É, viver em centros históricos é belo e preocupante. O tombamento de uma edificação arquitetônica não obriga o Estado a se responsabilizar por obras de manutenção do local, é o seu dono que tem a obrigação de zelar pelo seu patrimônio particular. Não é fácil, mas nada que um mutirão não resolva, aquele mutirão cheio de arquitetos, claro.
Cuidado ao andar próximo de ruínas e ao dar bobeira na frente de casas idosas. Entre na história, vá ao MP, visite o IPAC, conheça o programa Monumenta e use bem o centro histórico da nossa cidade.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010


Foto: Leila Rocha

"Quem não seguiu o Olodum balançando o Pelô?"

Caetano Veloso, em "Reconvexo"

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ministério Público inaugura sua sede no Pelô



Núcleo de Defesa do Patrimônio do MPE inaugura sua sede
na casa 12 da Rua das Laranjeiras, no Pelourinho

No dia 9 deste, o MPE promoveu mesa-redonda e inaugurou a sede do Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Cultural e Turístico – Nudephac- em imóvel disponibilizado pelo IPAC, no coração do Pelourinho.

Com a presença de autoridades e representantes das comunidades do Centro Histórico de Salvador foi inaugurada no dia 9 de fevereiro a sede do Nudephac, uma iniciativa do Ministério Público Estadual com o apoio da SECULT/IPAC. O Núcleo foi instituído com o objetivo de “promover a proteção dos bens e direitos de valor histórico, artístico, estético, turístico, cultural e paisagístico do Estado”. O Nudephac será coordenado pelo promotor de Justiça Marcelo Guedes.

Presentes à inauguração o Procurador Geral de Justiça, Lidivaldo Britto, o Secretário Estadual de Cultura Márcio Meireles, representando o Governador Jacques Wagner, o Secretário da Justiça Nelson Pellegrino, o Superintendente do IPHAN Carlos Amorim, o vice- prefeito Edvaldo Britto, o Diretor-Geral do IPAC Frederico Mendonça, a Diretora geral do Instituto do Meio Ambiente Bete Wagner, o presidente da Associação do MP (Ampeb) promotor de Justiça Jânio Braga, a Vereadora Olívia Santana, além de representantes do Ministério Público Federal e de entidades públicas, privadas e comunitárias.

Fonte: www.ipac.ba.gov.br

domingo, 14 de fevereiro de 2010

No Pelourinho há o encontro da diversidade no Carnaval. Há confete, músicas do passado e do presente, decoração caprichada, risos, artistas de rua, enfim, uma boa pedida!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

domingo, 31 de janeiro de 2010

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Pensando no Sermão 28 de Antônio Vieira

Por Leila Rocha


“Notai muito aquela palavra- cum bona voluntate servientes. Se servis por força, e de má vontade, sois apóstolos da vossa religião, mas se servis com boa vontade, conformando a vossa com a divina, sois verdadeiros servos de Cristo:Domino Christo servite.”

O padre Antônio Vieira, durante o vigésimo oitavo sermão faz considerações sobre a escravidão, e ao comparar os fenômenos de transmigração de africanos para a América com a da transmigração dos israelitas que passaram da África à Ásia, fugindo do cativeiro, reflete sobre a situação de miséria e de opressão dos primeiros, e assim constrói seu discurso de consolação.

Com vista a esclarecer o significado da condição na qual muitos escravos se encontravam, buscou nas palavras de Sêneca(“quem cuida que o que se chama escravo, é o homem todo, erra e não sabe o que diz: a melhor parte do homem, que é a alma, é isenta de todo o domínio alheio, e não pode ser cativa. O corpo, e somente o corpo sim”). Há a confirmação de que a salvação do cativeiro estaria na fé em Cristo.

Vê-se que o autor, no decorrer da prédica, não segue as propostas de criticar a maneira pela qual os senhores tratam os seus escravos(como mercadorias), como foi energicamente exposto no início do sermão, e assim tem-se a impressão de que a “mercância de homens” não é mais condenada pelo autor.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010



Num dia de visita ao restauro emergencial das colunas do Convento de São Francisco