segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Tenho o hábito de garimpar roupas e apetrechos em algumas lojas do Pelourinho. Imaginem que por lá também tem queima de estoque e muitas novidades, além de preços surreais para objetos que valem até três vezes menos.
Outro dia encontrei à venda algumas bandeiras de Salvador, tente achar isto em algum outro lugar.
Morro de rir quando chego em alguma loja e pergunto ao vendedor sobre a origem de peças de artesanato e geralmente não sabem me informar ou inventam cada caso.
Mas o ato de comprar tem que ter conversa, graça e pechincha. Seja na Bahia ou em qualquer outro lugar.

domingo, 20 de dezembro de 2009


Presépio em cerâmica feito por Maria de Zezinho de Tracunhaém


Cheguei umas dez e pouco na Catedral para assistir a apresentação do Oratório de Natal de Bach, interpretado pelo Coral Barroco da Bahia.

Viajei por palácios romanos, Jerusalém, manjedoura, autoridades religiosas, etc...

sábado, 19 de dezembro de 2009

Ainda não vi a decoração de Natal no Pelourinho. Confesso que sou chegada num pisca-pisca, mas sinto falta de uma arrumação mais regional, com a cara de Salvador. Gostaria de ver uma grande árvore no Terreiro de Jesus, e também gostaria de ver um Papai Noel sentado ao seu lado, alegrando a meninada da área. Hohoho Conexão Pelô-Lapônia!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009



Durante as gravações de "Ó paí ó" aconteceram muitos tremores divinos no Pelourinho. Alguns moradores me disseram que era comum ouvir-se estrondos oriundos do casarão-protagonista do seriado. O pessoal da cenografia espalhou talco por toda a fachada e pela calçada de acesso ao casarão durante as cenas em que o prédio balançava.

O edifício está localizado no Largo do Pelourinho, em frente a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Sua fachada foi pintada de verde, porém não sei se fizeram alguma intervenção nas estruturas. E de uma coisa eu sei: o Pelourinho tremeu literalmente.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009



Amanhã Barbinha receberá muitas homenagens, é dia de Pelô apinhado de gente.
"Oh, Santa Bárbara, manda pra gente, muita saúde e prosperidade!"
Santa Bárbara é invocada nas tempestades, contra os raios e trovões. Ela foi executada pelo próprio pai, que lhe cortou a cabeça com uma espada. E um raio caiu sobre ele, logo depois do assassinato.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

É vem o samba



E não é que o Pelourinho é lugar de gente escrever muito samba? E a minha homenagem especial vai para o nosso Ederaldo Gentil, que junto a Batatinha, Riachão, Edil Pacheco, Valmir Lima, Anísio Félix, Nelson Rufino, Paulo Diniz e tantos outros, nunca economizou sentimentos em suas composições.

IDENTIDADE

(Ederaldo Gentil)

05342635 é o meu número, meu nome
minha identidade
mínimo salário é meu ordenado
12 horas de trabalho, que felicidade
que felicidade

acordo sem dormir
faço pelo sinal
ouço o radinho de pilha
pra saber do horário
preparo quase nada
e levo na marmita
vou dependurado e os sinais fechando
chego atrasado, é cortado o dia
são tanto os descontos
que nem mesmo sei
me falam de vantagens que eu jamais ganhei

é o inps, fgts
irss, o seguro e o pis
com 30 de trabalho
estou aposentado
e com mais de 70
eu penso em ser feliz



A DISCOGRAFIA

1. Compacto Simples. Gravadora Chantecler Ano 1975. Nº 2-08-101-043
Lado A Triste Samba (Ederaldo Gentil). Lado B O Ouro e a Madeira (Ederaldo Gentil)

2. LP Gravadora Chantecler Ano 1975 Nº 2-08-404-066: Ederaldo Gentil – Samba, Canto Livre de um Povo
Lado A
1. A Saudade Me Mata (Ederaldo Gentil)
2. Samba, Canto Livre De Um Povo (Ederaldo Gentil - Edil Pacheco)
3. Fevereiro Eu Volto (Ederaldo Gentil - Eustáquio Oliveira)
4. O Ouro E A Madeira (Ederaldo Gentil)
5. Miro, Pandeiro De Ouro (Jandira Aragão - Walmir Lima)
6. Eu E A Viola (Ederaldo Gentil)
Lado B
1. Dia De Festa (Ederaldo Gentil
2. Barraco (Ederaldo Gentil
3. Rose (Ederaldo Gentil - Nelson Rufino)
4. Pam Pam Pam (Ederaldo Gentil - Batatinha)
5. Amargura (Ederaldo Gentil - Paulinho Diniz)
6. Ladeiras (Ederaldo Gentil

3. LP Gravadora Chantecler, ano de 1976, nº 2-08-404-074 Edição com encarte, texto e letras das músicas: Ederaldo Gentil - Pequenino
Lado A
1. In-Lê-In-Lá (Ederaldo Gentil - Anísio Félix)
2. O Rei (Ederaldo Gentil - Paulinho Diniz)
3. De Menor (Ederaldo Gentil)
4. Manhã de um Novo Dia (Ederaldo Gentil - Edil Pacheco)
5. Bêrêkêtê (Ederaldo Gentil)
6. O Samba e Você (Ederaldo Gentil - Nelson Rufino - Memeu)
Lado B
1. Dois de Fevereiro (Ederaldo Gentil)
2. Vento Forte (Ederaldo Gentil - Eustáquio Oliveira)
3. Compadre (Ederaldo Gentil)
4. Peleja do Bem (Tatau - Théa Lúcia)
5. Rio das Minhas Ilusões (Ederaldo Gentil)
6. A Bahia Vai Bem (Ederaldo Gentil - Batatinha)

4. LP Independente Nosso Som nº 0384: Ederaldo Gentil - Identidade
Lado A
1. Identidade (Ederaldo Gentil
2. Choro – Dor (Ederaldo Gentil)
3. Roxinha (Ederaldo Gentil
4. Nordeste de Amaralina (Ederaldo Gentil
5. Luandê (Ederaldo Gentil - Capinam)
Lado B
1. Cimento Fraco (Ederaldo Gentil)
2. Provinciano (Ederaldo Gentil - Roque Ferreira)
3. Amor Amor (Ederaldo Gentil)
4. Ternos da Lapinha (Ederaldo Gentil - Gereba)
5. Baticum (Ederaldo Gentil)

5. LP Gravadora Phonodisc nº 0.34.405.556. Ano 1989: Ederaldo Gentil
Lado A
1. Vento Forte (Ederaldo Gentil - Eustáquio Oliveira)
2. De Menor (Ederaldo Gentil)
3. Samba, Canto Livre de um Povo (Ederaldo Gentil - Edil Pacheco)
4. Rose (Ederaldo Gentil
5. In-Lê-In-Lá (Ederaldo Gentil - Anísio Félix)
6. Ladeiras (Ederaldo Gentil)
Lado B
1. O Ouro E A Madeira (Ederaldo Gentil)
2. Bêrêkêtê (Ederaldo Gentil)
3. Dois de Fevereiro (Ederaldo Gentil)
4. Manhã de um Novo Dia (Ederaldo Gentil)
5. Dia de Festa (Ederaldo Gentil)
6. Barraco (Ederaldo Gentil)
Obs: Esse último disco LP é uma coletânea dos dois primeiros LPs da Chantecler.

6. CD Copene, FAZCultura, 1999. Produção de Edil Pacheco: Ederaldo Gentil - Pérolas Finas.
1. Luandê (E. Gentil - Capinam) c/ Gilberto Gil.
2. Identidade (E. Gentil) c/ João Nogueira
3. Espera (Batatinha/E. Gentil) c/ Luiz Melodia
4. Saudade Me Mata (E. Gentil) c/ Elza Soares
5. Rose (E. Gentil - Nelson Rufino)c/ Lazzo
6. Maria da Graça (E. Gentil) c/ Edil Pacheco
7. Barraco (E. Gentil) c/ Carlinhos Brown e César Mendes
8. Impressão Digital (E. Gentil - Paulinho Diniz) c/ Jussara Silveira
9. De Menor (E. Gentil) c/ Paulo César Pinheiro
10. Eu e a Viola (E. Gentil) c/ Beth Carvalho
11. Oceano de Paz (E. Gentil - Edil Pacheco) c/ Vânia Bárbara
12. In-lê-in-lá (E. Gentil - Anísio Félix) c/ Paulinho Boca de Cantor e Pepeu Gomes
13. O Ouro e a Madeira (E. Gentil) c/ Jair Rodrigues



Fonte: http://www.samba-choro.com.br/artistas/ederaldogentil

quarta-feira, 25 de novembro de 2009


Foto: Leila Rocha


Sob o sol quente as baianas de acarajé desfilavam pelas ruas do Pelourinho! Hoje, dia 25 de novembro, é o dia delas! Baianas do patrimônio, assim pretendem ser conhecidas por todos. A partir de 201o colocarão um selo de qualidade em seus tabuleiros para que o consumidor saiba que comem os quitutes tradicionais nos conformes. Há muitas vendedoras de acarajé que inventaram uma moda de botar nome novo para o acarajé: bolinho de Deus.
Acarajé é legitimamente uma comida oriunda das tradições do povo-de-santo e isso ninguém pode mudar. Resistam, baianas, e contem comigo!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Dia Nacional de Combate a Tuberculose

UFBA vai ao Centro Histórico informar sobre tuberculose
Sob o lema “Tuberculose tem cura”, acontece durante a tarde desta terça-feira (17), data do Dia Nacional de Combate contra a Tuberculose, o I Encontro de Comunicação sobre Tuberculose, evento sócio-educativo para discutir as formas de controle da doença no Centro Histórico de Salvador, onde se localizam elevados índices de pessoas afetadas. A capital baiana é a terceira com o maior número de casos registrados no Brasil, onde o combate à endemia vem sendo realizado por diversas frentes de ações - uma delas é a comunicação para a saúde. Apesar de ter cura e tratamento gratuito, a tuberculose continua fazendo muitas vítimas, pois as pessoas doentes abandonam o tratamento antes da cura e ainda sofrem grande preconceito. A melhor forma de vencer o preconceito é conhecer o problema. Para isso, o encontro prevê conversar com a população sobre a doença, de forma lúdica, através de músicas, vídeos, filmes, dança e bate-papo, com o objetivo de estabelecer um canal de comunicação mais eficaz na troca de informações sobre a tuberculose. Os objetivos desta mobilização são: esclarecer os moradores do Centro Histórico para reconhecer os sintomas e o tratamento desse mal; encorajar quem tem sintomas a realizar o exame diagnóstico para confirmação da tuberculose (baciloscopia); persuadir as pessoas a completar totalmente o tratamento; e dar a conhecer as formas de contágio, para vencer os mitos e os preconceitos sobre a doença. O ato é organizado pelo Instituto de Saúde Coletiva e a Faculdade de Comunicação da UFBA e conta com a participação da Unidade de Saúde da Família do Terreiro de Jesus, do Projeto Axé, e da Secretaria Municipal da Saúde de Salvador e apoio da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

Fonte: www.portal.ufba.br

domingo, 15 de novembro de 2009

Revelação:o Pelourinho é infinito. São muitos artistas, muita fusão de sons, falares, cores, pessoas. Mas ainda não o considero multicultural. As relações sociais no local acontecem prioritariamente em função das trocas comerciais. São muitas culturas num mesmo local, porém as trocas de saberes estão em extinção. Se você chega para tirar uma foto com as típicas baianas que vivem oferecendo suas poses ali na Praça da Sé, pensa que são mesmo baianas e elas nunca te dirão que são apenas figurantes, que são artistas de rua.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Agradeço de coração à todos aqueles que acessam o meu blog! Bem, tenho que dar uma paradinha por um tempo! Valeu!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009


Um ônibus muito divertido, é o Axé-Buzú, que atrai a criançada da área parar curtir umas estórias.

quarta-feira, 30 de setembro de 2009


Detalhe da campainha de uma das portas de acesso a Antiga Faculdade de Medicina da UFBa

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Saiu de Água de Meninos, pulou o paredão da Misericórdia e correu em direção ao pipoqueiro. Queria as pipocas coloridas, mas as nicas que tinha eram poucas. Então o menino malino se armou foi num caruru das antigas. Sentou-se na esteira de palha, atentou os outros nó cegos e ajeitou a mão para remexer a bacia de alumínio toda ajeitada com caruru, galinha de ensopado, farofa de dendê, acarajé, abará, inhame, milho branco cozido, vatapá, feijão fradinho, acaçá, amalá, rolete de cana e rapadura. Os guris saíram de pança cheia, ainda pegaram uns queimados e alegraram
Cosme e Damião, os celebrados do dia.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Vento Bravo

Composição: Edu Lobo / Paulo César Pinheiro

Era um cerco bravo, era um palmeiral,
Limite do escravo entre o bem e o mal
Era a lei da coroa imperial
Calmaria negra de pantanal
Mas o vento vira e do vendaval
Surge o vento bravo, o vento bravo

Era argola, ferro, chibata e pau
Era a morte, o medo, o rancor e o mal
Era a lei da Coroa Imperial
Calmaria negra de pantanal
Mas o tempo muda e do temporal
Surge o vento bravo, o vento bravo

Como um sangue novo
Como um grito no ar
Correnteza de rio
Que não vai se acalmar
Se acalmar

Vento virador no clarão do mar
Vem sem raça e cor, quem viver verá
Vindo a viração vai se anunciar
Na sua voragem, quem vai ficar
Quando a palma verde se avermelhar
É o vento bravo
O vento bravo

Como um sangue novo
Como um grito no ar
Correnteza de rio
Que não vai se acalmar
Que não vai se acalmar
Que não vai se acalmar
Que não vai se acalmar
Que não vai se acalmar.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Suor

"Os ratos passaram, sem nenhum sinal de medo, entre os homens que estavam parados ao pé da escada escura. Era escura assim de dia, e de noite subia pelo prédio como um cipó que crescesse no interior do tronco de uma árvore."

Trecho retirado de Suor, de autoria de Jorge Amado. A personagem central é o imóvel n°68 da Ladeira do Pelourinho, mais exatamente a escadaria.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Projeto Biombo A(r)mado

Procura-se parceria para projeto que envolve literatura, reciclagem e arte contemporânea.
Artesãos, arteiros e artistas são bem vindos! Sem fins lucrativos! Qualquer coisa entrem em contato pelo e-mail leilaroch@hotmail.com

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Nas casas do Centro Histórico nem sempre existem janelas esperando a entrada do sol.
Algumas possuem escadarias tão íngremes que quando subimos os seus degraus, sentimos as batatas das pernas entrarem nos eixos. São muitas ruas, são quatrocentas e poucas casas oficiais e outras bem escondidas. A liberdade de ir e vir por entre becos, guetos e esconderijos só existe quando contamos com a solidariedade de muitos moradores.
Há sete anos eu frquentava as noites de reggae na Rocinha, dançava e não me drogava com nada. O clima era muito bom, de paz. Não sei como estão as coisas hoje em dia, mas sinto saudade de entrar pelo beco apinhado de caixas de isopor, com os vendedores improvisando pregões... Um Pelourinho que vivi! E que valorizo!

domingo, 13 de setembro de 2009



Me aventurei em busca de novos olhares. Estou no entorno do Pelourinho, e como podem perceber, até a vida dos gatos tem sido difícil por alguns telhados de casarões e sobrados da área.
A Lei Municipal 5.907/01, sancionada em janeiro de 2001 (decreto 13.251) e regulamentada em setembro do mesmo ano, determina a periodicidade máxima para a realização de manutenção preventiva e predial.

Caminhando por entre vegetações brotando de telhados e entre fachadas com rebocos quase soltos, por entre emaranhados de fios elétricos nas adjacências de algumas ruas do Centro Histórico, me pergunto: essa legislação está sendo colocada em prática?

A participação colaborativa da população é importante, talvez o retrato do Pelourinho atual, sobrevivendo entre altos e baixos, seja também o espelho da sociedade soteropolitana.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Maciel de Cima, Maciel de Baixo
Casa colonial em cima, a popular embaixo
URBIS, não, imagina,
É adobe na colina e no sobrado.

sábado, 5 de setembro de 2009

Da lua

Tava passando os olhos pela estante de livros de meu pai e de repente me deparei com um livro! Um livro recheado de descrições do Pelourinho de décadas passadas, além de alguns poemas e estórias de vida de Clarindo Silva, "um guardador do patrimônio artístico e histórico" do Pelourinho.


sexta-feira, 4 de setembro de 2009

O nascimento deste blog aconteceu no ano passado, quando participei do concurso de blogs Redes-Cobrindo o Pelô, lançado pelo IPAC. Não fiquei entre os três vencedores ( Coração do mundo, Pelourinhando e Terreiro Raiz), porém continuo na lida, até quando der.
Essa semana fiquei meio triste com o episódio que ocorreu no Pelô, mas continuo e continuarei a frequentá-lo, é um lugar para ser descoberto, mesmo com o caráter comercial que adquiriu desde a primeira etapa de restauração alguns prédios de seu conjunto arquitêtonico.
Tem gente que não quer mais pisar o pé lá, tem gente que chega e não quer mais sair, tem gente que sente uns arrepios e ainda diz escutar muitos gritos de escravos em sofrimento. Diante da tal possibilidade da Terça da Benção parar de acontecer, convoco todos os amantes do Pelourinho para se envolverem mais na defesa deste nosso patrimônio e invadir suas ruas, e exigir das autoridades a melhoria de qualidade de vida do local. E vamo que vamo!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

De repente me lembrei de uma música das antigas ...

Pelourinho
Composição: Margareth Menezes

Deuses, divindade infinita do universo
Predominante esquema mitológico
A ênfase do espírito original xuou,
Formara, no épio um novo cósmico

A emersão,
Nem Osiris sabe como aconteceu
A emersão,
Nem Osiris sabe como aconteceu
A ordem ou submissão do olho seu
Transformou-se na verdadeira
Humanidade
Epopéia do código de guebe, e eu falei lute
E lute gerou as estrelas

Osiris, proclamou o matrimônio com Isis
E o maocete, iradu assassinou, emperaá, Oros
Levando avante a vingança do pai
Derrotando o império de maocete

É o grito da vitória que nos satisfaz, cadê
Tutankamon, egisé, akaenadon, egisé
Tutankamon, egisé, akaenadon
Eu falei faraó
Ehhhh, faraó, eu clamo Olodum, Pelourinho
Ehhhh, faraó, pirâmide da base do Egito
Ehhhh, faraó eu clamo Olodum, Pelourinho
Ehhhh, faraó

Que mara, mara, mara, maravilha ê,
Egito ê (3x)
Faraóó, ó ó ó
Pelourinho, uma pequena comunidade
Que porém Olodum unirá
Em braços de confraternidade
Despertai-vos, para a cultura egípcia no
Brasil
Em vez de cabelos trançados
Veremos turbantes de Tutankamon
E nas cabeças enchem-se de liberdade
O povo negro pede igualdade
Deixando de lado as separações, cadê (refrão)

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Semana da Pátria


Revolta dos Malês, Revolta dos Alfaiates. O Pelourinho sempre foi palco de movimentações sócio-políticas do povo baiano. Palco de suplícios para os povos africanos escravizados desde o início do tráfico negreiro, serviu de residência para os mais abastados, que no decorrer do tempo foram doando suas casas aos seus antigos escravos.
Na Roma Negra, como ficou conhecida a cidade de Salvador, as diversas culturas africanas criaram amizades e divergências. Eram línguas diversas e hábitos diversos dividindo o mesmo espaço físico. O Pelourinho de hoje é um dos pelourinhos que existiram em Salvador.
Pelourinho ainda é Maciel para alguns, ainda é Roma Negra. E no século retrasado também serviu de porto seguro para muitos libaneses que chegarem por terras baianas!


Terreiro de Jesus,pintura em aquarela; Diógenes Rebouças.

terça-feira, 1 de setembro de 2009



Ei, dos céus! Ilumina os restauradores deste belo templo! Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, 1664.

domingo, 30 de agosto de 2009

Pe(t)lourinho



A reciclagem de tampas de garrafas PET é sensacional! Registrei um trabalho que vi na Associação dos Artesãos do Centro Histórico.

sábado, 29 de agosto de 2009


Uma foto bem popular, imagino que toda a população mundial tenha uma desta em casa!

terça-feira, 25 de agosto de 2009


Uma notícia importante!

Pelourinho recebe R$ 20 milhões para ações de infraestrutra
Extraído de: Prefeitura de Salvador - 10 de Agosto de 2009

Os tambores do Pelourinho bateram mais forte nesta manhã de segunda-feira, 10. O prefeito João Henrique anunciou, às 10 horas, no Museu da Cidade, recursos da ordem de R$ 20 milhões para investimentos em ações de infraestrutura. A verba é oriunda do Governo Federal e foi garantida pelos senadores Antônio Carlos Magalhães Junior (R$ 18 mi) e João Durval (R$ 2 mi), através da emenda 71060020/2008.

Na solenidade estavam presentes o senador Antonio Carlos Magalhães Junior, o deputado Federal, Antônio Carlos Magalhães Neto, o vice-prefeito Edivaldo Brito, além de secretários da pasta municipal, líderes comunitários, moradores do bairro e representantes de associações de trabalhadores do local. "Os recursos vão garantir a continuidade do nosso trabalho de revitalização do Pelourinho, que é um dos maiores centro culturais do mundo. Vamos acelerar a elaboração dos projetos e encaminharmos ao governo Federal", pontuou João Henrique. "É mais um grande salto que damos para promover melhorias tão esperadas aos baianos e aos turistas".

FONTE: www.jusbrasil.com.br

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Encontrei um material que relata algumas lutas das mulheres e sua participação na Associação dos Moradores e Amigos do Centro Histórico (AMACH). Abaixo segue um trecho do texto, que pode ser encontrado completo no site do CEAS.

Associação de Moradores e Amigos do Centro Histórico (AMACH)

O surgimento e o histórico da Associação dos Moradores e Amigos do Centro Histórico (AMACH) – que poderia muito bem ser chamar “Associação das Moradoras e Amigas do Centro Histórico”, tamanha a predominância das mulheres em sua composição – estão totalmente relacionados ao Projeto de Revitalização do Centro Histórico de Salvador que, já na sua 7.ª Etapa, continua expulsando antigos moradores do local. O projeto da 7.a Etapa, como é conhecido, faz parte do Programa de Preservação de Patrimônio Cultural Urbano (Programa Monumenta) do Ministério da Cultura (MinC), com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e da UNESCO, além de substancial participação do Governo do Estado da Bahia em termos de contrapartida e da complementação de recursos para o setor habitacional através da Caixa Econômica Federal (CEF). O Projeto é iniciado em 2001, mesmo ano em que é fundada a AMACH.

São cinco anos de luta (2001-2006) nos quais as mulheres da AMACH enfrentaram muitos obstáculos, como os embates com o Governo do Estado da Bahia para a garantia de permanência na área e participação no Projeto, além das dificuldades de fortalecer a organização do “movimento pró-moradia”, mantido basicamente por mulheres que convivem com o desemprego, com casas em risco de desabamento, com o cuidado com a família, com os preconceito de raça e gênero, com a violência e o tráfico de drogas. Em muitos momentos de discussão com a comunidade e com o Poder Público elas relembraram o caminho traçado neste histórico de luta até os dias atuais: a composição da direção, que mostrava a resistência das mulheres (até o momento foram duas presidentas, sendo apenas quatro homens no total de 15 pessoas na diretoria); as dificuldades enfrentadas para mobilizar uma área onde o desemprego e o subemprego, a prostituição e o alto índice de uso e tráfico de crack são uma realidade; a Ação Civil Pública junto ao Ministério Público contra o Governo do Estado; a assinatura do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre Ministério Publico e Governo, contendo demandas formuladas pela AMACH; a visita do Relator da ONU para a Moradia Adequada, Miloon Kothari; o processo de negociação do Estado com as lideranças; a chegada de alguns projetos sociais com recursos públicos; a garantia de permanência para apenas 103 famílias...

Desde sua criação a AMACH teve o difícil convívio com a “crise das lideranças”, causada pelo conflito entre o tempo destinado ao trabalho comunitário (não remunerado), a pressão familiar para a manutenção econômica e o cuidado com a casa, filhos e companheiros. Neste tempo percebemos então, só em função do tempo das mulheres dedicado à AMACH, um aumento do stress, diversas brigas conjugais, aumento da crise do desemprego... Ao mesmo tempo, é perceptível que as mulheres imprimem um diferencial organizacional, que pode ser traduzido no cuidado, zelo e sensibilidade. Não é em vão que um número expressivo de organizações de bairros populares tenha seu início como grupo de mães, corte e custura ou grupo de mulheres; elas acabam expandido para fora de casa o cuidado para com os seus. Na AMACH, apesar de já ter seu início como associação de moradores, isto fica explícito no cuidado com que estas mulheres trataram dos encaminhamentos políticos no enfrentamento com o Governo do Estado da Bahia.

Os pontos mais marcantes deste zelo ficaram evidentes no trabalho especial da AMACH em relação à compatibilização das novas moradias às famílias remanescentes. Já que, mesmo com a garantia de permanência no Centro Histórico, não foi garantida para as 103 famílias a permanência em seu imóvel de origem, foi preciso adaptar o número de componentes familiares à quantidade de cômodos das casas a serem reformadas, mantendo atenção ainda ás relações de vizinhança. Trabalho árduo, que requer paciência, organização e sensibilidade. Soma-se a este trabalho comunitário outras atenções em relação à negociação com o Estado, organização dos trabalhos sociais, o cuidado com a sede da Associação, a mobilização comunitária... e percebe-se o alto grau de comprometimento destas lideranças com a luta da AMACH.

As mulheres do Centro Histórico ainda têm muita luta pela frente: cuidar dos encaminhamentos do TAC junto ao novo governo; observá-lo com atenção, convivendo com diversas situações de risco; cuidar da comunidade, da casa e de si, além de estar atenta para a organização da AMACH. Aposta-se na força da associação como movimento de resistência e no papel da mulher no cuidar da casa como extensão para o bairro.

domingo, 23 de agosto de 2009

Tamborete de brega

Os bregas do Pelourinho fazem parte da vida do local desde muito antes de Gregório de Mattos se empenhar na divulgação do lado B da cidade da Bahia, atual Salvador.
Nos tempos de falta de água encanada, as funcionárias do amor cotidianamente costumavam ter em seus quartos uma bacia na qual lavavam suas genitálias e depois rumavam tudo pelas janelas. E quem passava pela rua, levava água usada na cabeça. E elas avisavam: Lá vai!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Varanda inclinada

Fui no charriot à procura da Velha Bahia encostada numa ribanceira. Então achei uns pés de cacau, uma banca de livros, um consertador de óculos, um chaveiro e a Polícia Militar da Bahia.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Encantar para não acabar

Moradores conversam entre si numa porta de biboca muito conhecida:

- Pô, véi, num guento mais ver esse povo de Salvador que fica falando mal do meu bairro.
- Rapaz, é barril! Tu sabe que aqui tem muita gente de qualidade e que a coisa vai melhorar. Me dá uma agonia ver esses gringo cheio de medo da gente, se a gente ri pra eles ficam pensando coisa. Me deixe, viu!
- Eu tomem já tô parando de tratar o povo bem, quem quiser que chegue, só não vou ficar mais abrindo os dente pra ninguém.
- Niuma, a gente sabe quem é decente na área. Bora relevar, man! O Pelô é de fase, tudo pode mudar!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Mato ralo no Terreiro de Jesus

Ao chegar no Terreiro de Jesus há capoeira. Capoeira significa, em tupi, mato ralo. Você, de acordo com a sua habilidade, de vez em quando percebe quem é mestre e quem não é. Formar-se em mestre não é pra qualquer um, isso exige muitos anos de movimento. Há alguns anos atrás não tinha esse papo de capoeirista de tênis, vestido com calça de helanca. Mas independente das aparências, o amor pela capoeira é mais forte, e se Bimba estivesse aqui colocaria muita gente nos eixos.
Na capoeiragem, em meio a apelidos e muitos gingados, permanecem umas culturas vivas até hoje, e minha homenagem é ao Mestre Gigante, também conhecido por Chiquinho, morador da Federação. Ele, um octagenário, toca um berimbau como ninguém, é grande tocador e celebrou grandes momentos no Pelô.
Um passarinho me contou que tem sido frequente uma nova modalidade de capoeira, a capoeira de avião. E as sequências são assim: mulher estrangeira chega na terrinha, se encanta com os gingados de um capoeirista iniciante(ou até mesmo figurante qualquer), então o convida para partir para o exterior com ela e lá patrocina a abertura de alguma escola de capoeira. Essa arte, aí tratada como uma mercadoria brasileira, recebe uns toques pessoais do rapaz, e quando um mestre de cá chega para uma visitinha informal, aí se depara com "aquelas" inovações, quase não acredita no que vê. E até recebe uns chepos! Imagina só!
Pois, pois, comida de peixe é minhoca, berimbau sem cabaça não toca!

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Passado presente


Nos embalos das gravações da minissérie Ó paí ó retorno ao meu caro diário. Trajetos interrompidos, o povo todo querendo uma ponta na Globo e a cidade a mil.
E o Pelô continua indo, levando...
Olha só, o Taboão aparecendo na tevê! Falar em Taboão é falar dos comerciantes oriundos da Galícia que ainda mantêm suas raízes por ali, é passar e dar bom dia a porteira do Edifício Órion, é ouvir os casos de meu tio Luis, ex-morador e dono de casos fantásticos sobre o Pelourinho de sua juventude...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Praça de guerra

Final de dia, "Buffalo soldier" tocando na Praça da Sé. A música saia de um carrinho de café. Eta potência!
Os pivetes se animavam com a renca de turistas que chegava na área, alguns gritavam eufóricos e falavam "bienvenuti" e "welcome" nas suas variantes. Não queriam roubar, mas aparecer, porque baiano que é baiano não nasce, mas estréia. Esses meninos são uns artistas! Na decadência também há graça!

domingo, 24 de maio de 2009

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Pelourinho ganha núcleo do Ministério Público

"Quanto mais próximos os poderes públicos estão da população melhor serviço pode prestar”. Com essas palavras o Procurador Geral do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Lidivaldo Britto, iniciou a solenidade de assinatura do termo de cessão da casa nº 12 da Rua Francisco Moniz Barreto, no Centro Histórico de Salvador (CHS), que irá sediar o novo Núcleo de Defesa do Patrimônio Histórico e Cultural (Nudephac).

Segundo o procurador, a iniciativa pode ser considerada inédita e histórica já que é a primeira vez que o MP-BA cria uma sede-escritório no Pelourinho. “Não temos nenhuma informação que isso já tenha acontecido”, ressaltou Brito. O termo foi assinado entre o MP e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão da secretaria estadual de Cultura e proprietário do imóvel.

A solenidade aconteceu hoje (quinta-feira, dia 30.04) na sede da diretoria geral do IPAC, instalada no Solar Mirante do Saldanha, na Praça da Sé, edificação originária do século 18 e tombada individualmente pelo IPHAN, desde 1941. Além do procurador geral, assinaram o termo o diretor geral do IPAC, Frederico Mendonça e, como testemunhas, o procurador Marcelo Guedes, futuro coordenador do Nudephac, e o diretor de Patrimônio do IPAC, Paulo Canuto.

Com três pavimentos e 150 metros quadrados de área construída, o imóvel do futuro Nudephac serviu à Bahiatursa da década de 1990 até o ano de 2005. “Além de excelente visibilidade, a casa tem a vantagem de estar na esquina de duas das principais artérias do Pelourinho, distante apenas um quarteirão do Terreiro de Jesus, do Cruzeiro de São Francisco e do edifício-garagem, que é o maior estacionamento do CHS”, explicou Frederico Mendonça.

Após a assinatura, a comitiva formada também por outros procuradores do MP, diretores, gerentes e técnicos do IPAC, visitaram a casa para averiguar a futura instalação. O MP se responsabilizará pelas reformas prediais, colocação de forros, melhorias das instalações elétricas, hidráulicas, climatização e outros serviços. A expectativa é que o Nudephac já funcione a partir do segundo semestre (2009).

Para o procurador geral, a criação do Núcleo do MP no Pelourinho, não será apenas para defender os bens e direitos de valor histórico, artístico, estético, cultural, turístico e paisagístico, “mas, também”, ressaltou ele, “para o patrimônio social existente na região”, disse Britto.

O Nudephac atuará na prevenção, proteção e reparação de danos ao patrimônio cultural sempre em interação com órgãos públicos e da sociedade civil. No local trabalharão promotores, com atribuições, inclusive, de instaurar, se for o caso, procedimentos administrativos ou inquéritos civis para coletar informações, provas e outros elementos necessários à adoção de ações que assegurem a defesa do patrimônio cultural. Outras informações sobre a iniciativa estão disponibilizadas nos sites www.mp.ba.gov.br e www.ipac.ba.gov.br.


FONTE: IPAC

quinta-feira, 21 de maio de 2009

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Zanzibar

Ano 2004, o Zanzibar era o ponto de encontro de amigas adoradoras de lugares pitorescos. Sentadas no quintal, debaixo das mangueiras, entre vôos de morcegos, éramos 4.
O projeto da casa é de autoria de Lina Bo Bardi, e segundo informantes, o local encontra-se fechado.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sociedade Protetora dos Desvalidos



Foto: Leila Rocha


Foto: Leila Rocha


A Sociedade Protetora dos Desvalidos nasceu do ideal de Manoel Victor Serra, e foi fundada com o nome de Irmandade Nossa Senhora da Soledade de Amparo dos Desvalidos, em 16 de setembro de 1832. Funcionou inicialmente na capela de Nossa Senhora dos Quinze Mistérios, e também funcionou durante vinte anos na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos. Em 1883 estabeleceu-se no belíssimo casarão localizado no Cruzeiro de São Francisco.
Um dos principais objetivos da Irmandade, transformada em Sociedade Protetora dos Desvalidos em 1851, era a obtenção de recursos para as compras de cartas de alforria, amparando aqueles que estavam submetidos à escravidão. As cartas de alforria eram adquiridas de acordo com as possibilidades financeiras do grupo e os beneficiados eram sorteados, evitando-se assim corrupções.

Os sócios da instituição devem seguir rigorosamente as cláusulas vigentes, dentre elas está a proibição de revelar a amigos e parentes o que é tratado nas reuniões.
Desde a fundação desta entidade, os associados trabalham no sentido de ajudar os companheiros desprovidos de dinheiro e acolhimento. No prédio de estilo colonial ainda existiu um asilo, onde os sócios em difíceis situações de sobrevivência, seja pela idade avançada ou mesmo por falta de recursos financeiros, recebiam auxílio. Pessoas carentes e em situação de risco recebem constante atenção da Sociedade Protetora dos Desvalidos.

A caridade e a fraternidade são os lemas do trabalho iniciado por Manoel Victor Serra e demais fundadores da Sociedade Protetora dos Desvalidos.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Ferro batido

O ferro batido embeleza as bandeiras, os portões e as janelas coloniais do Pelourinho. O vento atravessa o tempo, e a mão do artesão permanece anônima junto ao ferro batido, ao ferro forjado nos arabescos das varandas.

sexta-feira, 13 de março de 2009

O texto abaixo é de autoria de Odorico Tavares, do livro "Bahia, imagens da terra e do povo" :
align="justify">" Pelourinho
align="justify">Vindo do Terreiro ou da Baixa dos Sapateiros, ou do Taboão, o deslumbramento é o mesmo: está o visitante face a face com o mais belo conjunto arquitetônico brasileiro.
Eis a massa imensa e harmoniosa de edifícios dos séculos XVIII e XIX, marcada pelas torres da igrejas. É o Pelourinho, como um lago onde confluem as águas das mais variadas fontes da humanidade baiana.
Eis os velhos sobrados dominando a vastidão do casario se estendendo pelas colinas vizinhas, juntando-se um todo perfeito, e as igrejas acolhendo e dando força e grandeza ao ambiente, num majestoso decor. Estão adiante o Carmo, a Ordem Terceira, o Passo e, aqui, na praça, Nossa Senhora do Rosário dos Pretos.
A beleza da praça é pra ser sentida, com tranquilidade e vagares, depois do choque inicial: o grande triângulo com sua base ao alto, descendo, escorregando ladeira abaixo até chegar ao encontro do Taboão com a Baixa dos Sapateiros. Pois é esta praça, tão impressionante, com suas pedras negras e irregulares, com seus declives acentuados, um lago, repitamos, onde confluem as águas das mais variadas fontes da humanidade baiana. O Taboão, o Passo, a Ladeira do Carmo, o Maciel, a Porta do Carmo, a Baixa dos Sapateiros, a Rua das Flores, Laranjeiras, São Miguel, são rios que encontram a sua foz neste lago. E aí vão dar as suas águas que se confundem, que se revolvem, que circulam, o que há de autêntico e de característico na palavra povo. Durante todas as horas do dia, o tráfego incessante: operários e carregadores; verdureiros e funcionários públicos; marinheiros e soldados; engraxates, motoristas, marceneiros, prostitutas, comerciantes, padres, mães e pais-de-santo. E vêm de todos os lados e vão parar os seus mais variados misteres. E sobem e descem a ladeira, e sobem e descem destes sobrados, onde se goza e se sofre, onde se ama e se odeia, onde circulam ventos e tempestades das paixões humanas. Águas serenas e águas revoltas, mansas correntes e agitados rios -homens, mulheres e crianças, vêm de todas as partes e vão dar a este lago para que integre a sua beleza, nem sempre serena, muitas vezes trágica, mas beleza que não se repete e não cansa.
Pela manhã, as cores múltiplas de pequena feira, de gente modesta se abastecendo nos tabuleiros e nos balaios, ali perto da igreja, e que vai morrer na entrada da Baixa dos Sapateiros. E se compra e se vende, e se discute e se deblatera, e se confraterniza e há o riso franco, a raiva explodindo, o impropério e o gracejo no ar. E há os que se detêm e os que passam, os que são moradores deste profundo território humano e os que são transeuntes fortuitos, os que amam e os que temem as suas proximidades. Às tardes serenas, as crianças- senhoras da praça- as sombras descendo, os moradores às portas e às janelas, os pequenos comerciantes, tranquilamente nas lojas dos mais desconcertantes negócios, os artesãos nas oficinas dos mais variados misteres.
Chega a noite e, na sua primeira hora, o movimento mais intenso: cansados, passam todos de sua jornada para o recolhimento dos lares, passam os que procuram as aventuras da primeira hora noturna; passam os temerosos dos seus escusos encontros. Passam os que vão às preces nos templos em torno; passam os que ansiosos aguardam a casa para o sossego noturno. Pretos e brancos passam e passam sírios e judeus. E seguem, e participam destas corrente vindas das mais variadas fontes da humanidade baiana que vem dar, nem que seja por um momento, a este lago da mais surpreendente e da mais grave beleza.
Já é noite. As luzes noturnas refletem nas fachadas dos sobrados e sente-se a força da magia que sobe, e penetra, e circula, e se infiltra por cada uma de suas escadas, de seus andares, de seus quartos. Noite alta, madrugada que chega, e apenas o recorte soberbo do casario e das igrejas, o luar batendo e refletindo nas pedras negras e brilhantes da praça. Uma outra luz acesa; rumor em crescendo, pertubando o silêncio majestoso na sua grande música; há, lá dentro, os pares fartos e satisfeitos; a criança que sofre e chora a sua doença; o drama da vida mal vivida; a prostituta que se vende; o amor de sempre com fome e sem dinheiro; a tarefa interminável para o dia que se aproxima; o estudante debruçado sonhando com glórias de um duvidoso futuro. Que sabemos que se passa em cada um destas tantas janelas? Que sabemos o que trará o dia para cada um dos seus moradores, força e poder de um povo?
Na praça deserta, na humanidade pressentida, nos ares batidos, no luar presente: a visão dos dias passados, os dias de condenados a açoites públicos e castigos infamantes, Pelourinho da degradação do homem. Não mais a coluna de pedra em que se açoitava o negro, mas nas noites de serenidade, como que se movimenta ela, solta no espaço, como que se vem quebrar ao pé de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, a santa protetora dos pretos baianos, o Seu templo edificado na praça, refúgio dos pescadores, juíza dos condenados, infinito amor e misericórdia para toda uma gente.
Praça de muita grandeza, de muita beleza, de muito sofrimento, de muito amor. Que o visitante saiba que ela não tem somente a face exterior que revela, como um assombro. Há a humanidade, trágica por vezes, nas suas ruas e no interior de seus sobrados."

domingo, 8 de março de 2009

Edifício Mercury, quem o conhece?

A belíssima construção está localizada na Rua Chile, amparada pela mais famosa pastelaria das redondezas da Praça Municipal. Dizem que o tal casarão está à venda, por um valor aproximado de R$500.000,00. E o engraçado foi que ao perguntar o preço de venda daquele sobrado a um antigo funcionário, imediatamente ele chegou cheio de conselhos, "a senhora compra o bangalô e já bota uma pousada".
Morri de rir, mas depois expliquei todo o porquê do meu interesse.
Tive a chance de visitar a parte interna do "meu edifíco", já bastante deteriorada, porém ainda vi frisos de bronze nos pisos da escadaria principal (que charme!). Obrigada, Seu Sinelsino!

sexta-feira, 6 de março de 2009

De pelourinho em pelourinho você chega ao Pelourinho... São tantos pelourinhos pelo mundo afora, mas o de cá já virou sinônimo de brasilidade.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Mondo cane

Admirável trabalho! Nada a esconder! As imagens são fortes e muito francas!


Veja o vídeo aqui do artista multimídia Miguel Rio Branco. Pelourinho, décadas de 70 e 80.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Passe às 7 e meia da manhã pela Praça da Sé, e me diga se você se surpreendeu com o que viu...
Hum, quer dizer que pessoas muito distintas tomavam um banhinho na fonte musical? Foi isso, foi? Mas por ali ainda não é permitido. E como explicar pro pessoal que o lugar é de propriedade comum, mas não necessariamente um banheiro a céu aberto?

terça-feira, 3 de março de 2009

- Pô, que vetrina bonita, mainha!
- Tá vendo não, mininu? Isso aí é só pra turista. Onde já se viu comprar um pano pra rumar em cima da mesa por esse preço?
- A professora disse que isso aí tem design.
- Oxe, o que é isso? Cada arte.
- Mainha, foi no Liceu que me ensinaram. E design não é arte. Design é, é, é, é um projeto de objeto, que chega na indústria e depois vai pra loja. Aí todo mundo, se gostar, leva. Quer dizer, às vezes leva, porque se for caro demais, né, nem dá?
- Ah, bom. Então agora eu acredito.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009



Sábado, 28 de fevereiro, tem o BLOCO BACALHAU DA VELHA GUARDA !


Desfile do bloco: Praça da Sé, às 19hs.

Baile SAUDADES DO CARNAVAL, na Praça Tereza Batista, às 20hs.


SERÁ SERVIDO UM BUFFET A BASE DE BACALHAU - GRÁTIS


ATRAÇÕES: ORQUESTRA XANGÔ - GRUPO BAMBEIA E AMIGOS DO SAMBA
ABADÁ: R$ 30,00
VENDAS :LOJA DO ILÊ AYÊ PELOURINHO
Agradeço a Juruna, por me avisar sobre o acontecimento deste encontro tão importante para a boemia soteropolitana. Valeu, soteropolitano!


sábado, 21 de fevereiro de 2009

As contas azuis e brancas, o turbante branco atoalhado, a alfazema, o afoxé, o renascimento, a alegria, o arrepio. Só os verdadeiros Filhos de Gandhy acalmam esquinas, becos e praças da cidade, e conduzem a filosofia do grupo com sinais de agogôs. Ói o Gandhy aê, ói!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

É noite, a música acabou, a luz sumiu e os meninos da rua-postal do Pelô descobriram o meu Brasil, um pingente de prata que guardo no peito.
Eles quiseram tê-lo para dividir entre todos, quebraram alguns elos da corrente prateada que eu sempre levei no pescoço.Pronto, um roubo!
Entre vultos e passos incertos até pensei ter perdido também os demais acessórios. Deixei pra lá... O negócio era sair dali bem rápido, para outro gueto, outro lugar onde o prefeito mandou plantar mais boas-noites, daquelas que servem para brincar de bem-me-quer, lembra?
E depois de tudo ainda penso em falar de flores...